sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Um caminho para sair de si


Imagino uma biblioteca, cheia de estantes, melhor seria imaginar cheia de livros. Imagino uma biblioteca cheia de livros, pesados, profundos.

E cada livro representa. Nada. Cada livro é um livro, cada história um sentimento, cada sentimento uma dor e, talvez também um ou outro sorriso. Cada livro uma leitura, todas incompletas. Mas qual o sentido de ler, quando sabemos o final?!

O prazer da leitura, dirá o outro.

E a pessoa que lê faz analogias, tudo besteira. A escrita é literal, não resta outra alternativa.

E o passado vai ficando para trás, exatamente como o texto que é escrito, sem pensar, sem revisar, sem conteúdo, sem nada. E o nada, afinal, é uma biblioteca fechada.



E as referências aparecem como astros que caem num planeta. Como um planeta que invade outro, Melancolia. E há algo que podemos fazer? E se houvesse, ousaríamos fazer?


Invade, pois, a Melancolia, o Estranho do outro, que, afinal, fosse bem traduzido e teria o mesmo nome. Nome plural, embora bastante singular. Contraditório como eu mesmo sou. Explicado, como Freud faria. E não o fez. Porque, afinal, o que são os literatos, quando vive-se no real?

E o que é o real? Oposto ao inexistente? E onde fica, pois, o inconsciente?! Não há real, nem irreal, vive-se, apenas.  E quando viver dói, quando respirar perde o sentido, ganha-se um abraço. Essas coisas de gente viva que acha que faz diferença no mundo.

E preocupa-se com a atmosfera e diz em fim do planeta Terra. E como acabar o que já acabou?! Muito romântico, sejamos modernos, vanguardistas.

Fujamos de nós mesmos.

"Para onde vão os trens, meu pai? Para Mahal, Tami, para Camiri, espaços no mapa, e depois o pai ria: também para lugar nenhum, meu filho, tu podes ir e ainda que se mova o trem tu não te moves de ti"
Hilda Hilst
"Meu benfeitor certa vez me contou a respeito, quando eu era jovem, e meu sangue era forte demais para entendê-la. Agora eu a entendo. Dir-lhe-ei qual é: esse caminho tem coração? Todos os caminhos são os mesmos: não conduzem a lugar algum."
Carlos Castaneda

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