Humor sem censura. Sem responsabilidade. Sem nada.

                      Amigos, há um tempo atrás, cometi a insanidade de abrir a Folha de São Paulo e mais ainda, de ler uma carta enviada pelo Danilo Gentili a esta mesma Folha. Uma série de barbaridades, que comentei no ImprenÇa.

                      Fato é que nunca fui a favor da censura no humor. Fato também indiscutível que a questão da censura no humor está, historicamente ligada a regimes autoritários ou muito pouco democráticos, aqui mesmo o Pasquim foi proibido por este motivo.

                      O que me parece insolúvel - e a palavra é exatamente esta mesma, ou seja, sem solução – é como aliar a liberdade do humor com uma questão bem simples chamada responsabilidade. Pelo amor dos teus parentes mais queridos não confunda responsabilidade com aquele troço insuportável chamado politicamente correto. A questão é e sempre foi outra, bem diferente.

                       Quando eu escrevi um artigo para o livro “Educação Preventiva – teoria e prática” onde falo / trato da questão de educar adolescentes na prevenção a AIDS e outras DSTs, fiz uma breve análise (brevíssima seria a definição mais correta) e cheguei a óbvia conclusão (já que qualquer dicionário dirá o mesmo) que a palavra responsabilidade está intimamente ligada à palavra poder. De fato uma é mesmo sinônimo da outra.

                       Mas vamos ao que interessa.

                      Hoje pela tarde recebi um e-mail com uma carta supostamente assinada por Marcelo Tas. A carta é cheia de afirmações preconceituosas a respeito do PT. O nome da carta, inclusive é “Carta aos Petistas 2”; em princípio considerei que se tratava de falácia, fui questionar o próprio Tas no twitter (sem resposta), mas acabei encontrando no próprio blog dele. (o link aqui)

                       Entre outras coisas o blogueiro faz uma piada sem graça sobre homossexuais (que não estou criticando por ser politicamente incorreta, mas por ser sem graça mesmo), e depois começa com questionamentos dignos de uma criança da sexta série do ensino fundamental. Pergunta o autor porque o PT é o “Partido dos Trabalhadores” e questiona (espero que com muita ironia fina) se os demais partidos defendem os ‘vagabundos’, palavras dele.

                         A carta segue e nem farei isso comigo e com você (tem alguém lendo aí?!) até porque o ponto deste post é outro.

                        Minutos depois, por uma destas coincidências bisonhas da vida, recebi pelo twitter da @ju_freitas, um link para o blog de um dos integrantes do Casseta e Planeta.

                         CQC e Casseta. Os dois programas de ‘humor inteligente’ (sério eu realmente acho que inteligente era Plauto, Moliére, Golias…não eles) que encabeçaram as críticas à censura do humor. Havia uma série de piadas sobre a Dilma, não vi na primeira página (confesso que não procurei muito) nenhuma piada sobre Serra, Marina ou Plínio.

                         Vejam, eu não tenho a menor dúvida que Band e Globo apóiam PSDB. Historicamente as duas emissoras sempre apoiaram partidos de direita ou centro direita. Mais do que isso, acho um direito delas apoiar quem quer que seja, só não acho correto fazer isso de forma velada.

                          E é aí que volto ao ponto inicial: Responsabilidade x Liberdade x Poder.

                           Não tenho a menor dúvida de que, veladamente, os dois programas de humor (mais o CQC e menos o Casseta) farão mais ‘trucagens’ com Dilma do que com os demais candidatos. Não tenho a menor dúvida de que considero a censura uma medida errada mesmo não havendo responsabilidade por parte destes meios de comunicação.

                           Só fico me questionando se não haveria uma forma de obrigá-los a assumir de vez um lado na campanha. Porque a outra opção, a da censura, me parece ditatorial demais.