domingo, 5 de setembro de 2010

Autor, eu lírico e outras bobagens...

         A maioria das pessoas nunca pensou realmente que um blog tem um autor. Não é uma questão de não saber quem é o autor do blog, mas de fazer a associação correta entre Avatar x Pseudônimo x Conteúdo X Linguagem.
         A coisa parece complicada dizendo assim, mas vai ficando simples quando pegamos alguns exemplos.

 
         Terei que começar com um exemplo sobre meu próprio blog, o ImprenÇa, por uma questão de proximidade, espero que entendam.

          Quando peguei para mim o nickname de Caipira Zé do Mér e coloquei no avatar uma foto do Joker, não fiz por acaso, embora pareça assim. O fiz por considerar a figura do Joker uma figura que representa o Caos, a mudança (até no Tarot temos esse significado com a carta 0) e não deixa de ser arrogante.

           Resolvi escrever o ImprenÇa nesta base. Um autor arrogante (basta ver a página "Sobre o autor", que copiei para cá também, mas por preguiça de criar outra) que pretendia, em sua arrogância, arrancar o leitor de seu estado conformado e colocá-lo no caos de um mundo onde a informação vem distorcida.

           Tudo muito bem até que você começa a escrever os posts. É impossível que, pensando nisso tudo que acabo de dizer, eu escreva posts com a 'pegada' que tenho aqui, no Amatucci Feelings, por exemplo. É preciso que a escrita tenha um quê de agressividade, de arrogância e ironia / sarcasmo.

           É claro que as pessoas não reparam nisso. É óbvio que as pessoas não juntam uma coisa na outra como um conjunto que foi assim pensado por mim, ao menos. Nem é preciso que as pessoas pensem assim.

           Apesar disso, as pessoas entram na brincadeira. E quando discordam o fazem, em geral, de forma bastante arrogante o que significa que atingi meu objetivo como autor, ou seja, tirei a pessoa do conformismo, nem que seja para se revoltar sobre a maneira como a qual escrevi. Lógico, isso atrai mais trolls, mas não me interessa.

           A questão que proponho aqui é 'pensar o blog como um aparato literário' e isso pode parecer um exagero mesmo. A questão que me move sempre foi a literária.

           A maioria dos blogs faz isso de uma maneira ou outra. Só, talvez, não fizeram isso de propósito. Você pega blogs como o Contraditorium e observa seu autor. Olha o avatar e a maneira de se conduzir no texto do blog e no Twitter (se for o caso) e conclui há uma identidade.

           As pessoas, quase todas, não preocupam-se em pensar que, talvez, Cardoso não seja incisivo como sua identidade virtual aparenta, que isso possa ser o que, em literatura, chamamos de 'eu-lírico'. Mas isso nós atores já sabemos de velhos, o vilão nunca é o personagem, é sempre o ator.

           Tudo isso para dizer que se fosse eu alguém digno de nota e digno de dar conselhos, daria este ao futuro autor de seu blog: uma identidade vale mais que mil seguidores.

            Isso só se conquista com um mínimo de planejamento. Planejamento que abandonei ao escrever os posts deste blog.

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